Um verbo essencial no nosso existir como tão difícil de conjugar. É a experiência do desejo tão complexa e suspeita como por vezes a imaginamos? Não fará afinal parte do que somos, quer nos mais elementares circuitos cerebrais, quer nos mais antigos poemas bíblicos?
Não sendo o primeiro verbo da salvação que meditamos, o verbo escutar é, no entanto, o primeiro verbo de 2021. Porque é talvez o primeiro, o inicial, o germinal na vida humana e, certamente, na experiência cristã.
Das nossas recordações de infância aos encontros pascais com o Ressuscitado, a humanidade é percorrida por um fio de horizonte que a une, a alimenta e a sustém: a Memória. Dela cuidar constitui uma sabedoria e um desafio.
Não é apenas um prazer ou uma cedência que nos concedemos, um «tempo perdido» no seio dos nossos calendários: descansar, como sonhar, é uma pedagogia que nos ensina algo de nós mesmos, silenciada pelas múltiplas vozes que nos pressionam…
Um verbo acessível a todos, da varanda do apartamento às hortas urbanas passando pelos espaços rurais, jardinar é uma atividade tão antiga quanto o ser humano, a ponto de ser um mapa para compreender as alianças que constituem a nossa história…
Um verbo que sempre se fez presente na tradição da Igreja e, nas últimas décadas, também na investigação científica e nas revistas da moda. E, ao mesmo tempo, um verbo que nos parece distante, reservado a uns poucos.
Enraízado no património humano mais profundo, o gesto – exigente na sua simplicidade – de caminhar transporta-nos para a contemplação do que somos enquanto peregrinos.
Um verbo difícil, exigente, que deixa marcas na pele, que não anula o que somos e vivemos – a nossa memória, as feridas, os sacrifícios.
Este artigo não é sobre dietas, nem modas alimentares, nem superalimentos, nem o benefício real dos flavenóides ou dos ácidos gordos ómega 3.
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