Lamberto Maffei | Edições 70 | 132 páginas
Em Elogio da Lentidão Lamberto Maffei, médico e cientista italiano, leva-nos numa viagem pelo mundo fascinante do cérebro, aliando a neurociência à reflexão crítica sobre a cultura e a sociedade contemporânea. A evolução da espécie humana, aproximadamente há cem mil anos, fez emergir a palavra, dando origem ao pensamento lógico e à estruturação temporal do pensamento. “A evolução escolheu, na construção do cérebro humano, a técnica da lentidão, enquanto para os outros animais escolheu a da rapidez”. Com a palavra surge o pensamento lento, em contraponto aos mecanismos ancestrais rápidos de resposta ao ambiente – o pensamento rápido – que são caracterizados por serem automáticos ou quase automáticos.
Se a cultura atual dá primazia à comunicação visual em vez da palavra, e fisiologicamente usamos áreas distintas do cérebro, de que forma percepcionamos o tempo? O autor reflete sobre a excessiva prevalência dos mecanismos do pensamento rápido ou “digital”, em detrimento das potencialidades do “pensamento lento”, baseado na linguagem e na escrita. Não será por acaso que o nosso sistema nervoso é de amadurecimento lento quando comparado com o desenvolvimento cerebral de outros mamíferos. “Esta lentidão tem um motivo ou é apenas um epifenómeno característico do cérebro humano e substancialmente uma perda de tempo?”.
Numa linguagem muito acessível, o leitor é interpelado com outras questões: como varia a concepção do tempo com as culturais locais? Um americano e um europeu terão a mesma percepção do tempo? Como é que o pensamento rápido nos marca, enquanto indivíduos e enquanto sociedade, ao nível comportamental? Quais são as implicações evolutivas? De que forma a criatividade bebe do pensamento lento?
Lamberto Maffei deixa-nos uma advertência: “uma sociedade que se põe em competição com a biologia está destinada a perder”.
Adelaide Miranda
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