São Justino | Org. Isidro Lamelas | Ed. Paulus | 192 págs.
O século II da era cristã foi para os cristãos, paradoxalmente, muito semelhante ao que as comunidades vivem em pleno século XXI em numerosas regiões do globo: hostilidade, indiferença e perseguição, por vezes até à morte. No contexto do império Romano, ser cristão significava ser incompreendido, acusado de ateísmo (por não adorar as divindades socialmente reconhecidas) e vítima de processos judiciais.
É neste sentido que surge a obra monumental de Justino, filósofo oriundo da Palestina que viveu e morreu em Roma em 165 d. C. Justino escreveu duas obras em defesa dos cristãos, denominadas Apologias, dirigidas aos imperadores romanos, nas quais expõe o sentido da vida cristã e os motivos que conduzem os cristãos a testemunhar a sua fé até ao martírio. Justino expõe a esperança cristã em diálogo quer com a tradição cultural e filosófica do seu tempo, quer com a história bíblica, demonstrando como o encontro com Jesus Cristo corresponde ao que de mais profundo habita no coração humano. Ao mesmo tempo, não receia em apresentar a radicalidade das opções cristãs, sobretudo no âmbito da ética e da liberdade diante de todas as idolatrias.
Com um bem fundamentado estudo introdutório, da autoria de Isidro Lamelas, o leitor tem agora acesso a uma das mais significativas obras da tradição cristã: uma obra que nos conduz, em linha direta, para os primórdios do cristianismo, um período no qual as dificuldades e perseguições apuraram uma fecundidade apostólica única, centrada na caridade fraterna, na esperança confiante e no testemunho da alegria. As Apologias de Justino Mártir constituem, assim, um manual para o ser cristão hoje.
Mensageiro de Santo António | junho 2019
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