“Jesus, uma Boa Notícia”, de Carlos Maria Antunes e Gustavo Sousa Cabral: a Fundamentos aventura-se no mundo da edição. O livro já está disponível para encomendar.
Jesus, uma Boa Notícia
Carlos Maria Antunes | Gustavo Sousa Cabral
Livraria Fundamentos | Braga, Março 2014
Impressão: Oficinas de Trabalho Protegido da APPACDM-Braga
ISBN: 978-989-20
“Jesus, uma Boa Notícia” nasceu do desafio lançado a dois autores, desconhecidos entre si, de escreverem um texto, ao mesmo tempo pessoal e transmissível, a partir de uma palavra, ou de um Nome: Jesus.
Carlos Maria Antunes é presbítero e monge cisterciense no mosteiro de Santa Maria do Sobrado, na Galiza. Nascido em Tomar, foi durante década e meia pároco na diocese de Santarém. É autor dos livros “Atravessar a própria solidão” (2011) e “Só o Pobre se faz Pão” (2013), ambos editados pelas Paulinas.
Gustavo Sousa Cabral é professor de EMRC na diocese do Porto. Nascido em S. João da Madeira, depois de uma carreira profissional como engenheiro mecânico formou-se em Ciências Religiosas pela UCP, com uma tese de mestrado sobre a procura histórica de Jesus de Nazaré.
Entre os dois textos, um ponto em comum: a procura do Rosto de Jesus de Nazaré.
A terminar, é-nos oferecido um precioso contributo preparado e enviado por Carlos Maria Antunes para o II Curso Online Fundamentos, sobre o tema da Meditação Cristã, com o título «E se mergulhássemos?».
Índice
1. Jesus, Boa Notícia (Gustavo Sousa Cabral) | 2. Jesus, o Mistério que nos atravessa (Carlos Maria Antunes) | 3. E se mergulhássemos? (Carlos Maria Antunes)
Para encomendar: http://www.fundamentos.pt/encomendas/
«Sempre que precisamos de fazer um anúncio importante e incisivo geralmente escolhemos cuidadosamente as palavras. Não é preciso dizer muito. Mas temos de resumir tudo ao essencial, e ao mesmo tempo, àquilo que é susceptível de criar impacto nos ouvintes. Na língua grega isso chama-se kerygma.
Quando os discípulos de Jesus decidiram dar testemunho da sua vida e ressurreição precisaram de um forte kerygma, um “slogan” sobre a sua pessoa. Esse primeiro impacto chegou-nos pelas palavras de Pedro. Dirigindo-se a Cornélio, um comandante romano que nada sabia sobre Jesus, abre o seu kerygma do seguinte modo: “Deus ungiu com a força do Espírito Santo a Jesus de Nazaré, que PASSOU FAZENDO O BEM” (Act 10,38).
Nada mais simples e direto. O núcleo deste “slogan” é apresentar Jesus como alguém entranhado de humanidade. E certamente que foi uma característica essencial da sua personalidade, caso contrário não teria deixado uma marca tão profunda e afectiva na memória dos discípulos.»
Identificar Jesus com um conjunto de valores é uma forma muito comum de nos referirmos a ele, entre crentes e até entre não crentes. Trata-se, no geral, de um discurso bastante linear, capaz de gerar amplos consensos à volta de uma figura que desperta os melhores sentimentos. Já bem diferente é o que acontece quando se introduz a questão da possibilidade de uma relação com Jesus vivo, aqui e agora. Entrando no campo específico da fé, não tardam a aparecer as resistências. Que não crentes reconheçam a genialidade humana de Jesus, bem presente no sentido que atribuem aos valores que presidem à sua vida, e que aí colham um exemplo inspirador para o seu viver, só pode ser acolhido pelos cristãos como um sério apelo à autenticidade da sua experiência de fé. Inquietante, e até problemático, é que entre os próprios cristãos semelhante posição seja assumida como o essencial da fé, como se esta mais não fosse que o exercício da virtude. O risco da moralização da fé, cristalizando-a em posturas ideológicas, é um fenómeno que merece atenção e análise.
A vitalidade e a pertinência do Cristianismo dependem fundamentalmente da abertura de cada cristão para a experiência de imersão no Mistério de Deus, por via de Jesus, o Vivente, que pelo seu Espírito faz em nós morada, convocando-nos para o encontro. Se nos assombra a beleza do caudal do rio que transporta vida por entre os campos, não nos podemos esquecer que, a montante, está a nascente. E ser discípulo de Jesus é, antes de mais, abrir-se à graça de «nascer de novo» em cada dia. O discípulo busca sempre o vigor inaugural da nascente. Importa indagar o que nos conduz a esta experiência. Bem sabemos que o acesso ao conhecimento teórico sobre a pessoa de Jesus não se traduz imediatamente numa relação significativa com ele. Como surgiu a descoberta de Jesus na nossa vida? O que a tornou decisiva? Há um abismo de diferença (e de vitalidade) entre reconhecê-lo como referência moral ou como Alguém que me salva, permitindo-me estar na vida com a confiança de ser amado incondicionalmente.
A fragilidade do sujeito crente, corpo em deslocação, aberto à hospitalidade do outro, e nesta, atravessado pela Palavra feita carne, é condição para a tangibilidade do Mistério de Jesus neste tempo onde, mais do que mestres, são procurados companheiros peregrinos, mais do que grandes narrativas compactas, são buscadas possibilidades de salvação para o que é quotidiano e que, tantas vezes, é experimentado como fragmentário. «Aquilo que devemos fazer hoje, não é tanto falar de Cristo, mas deixar que Ele viva em nós, de tal modo que as pessoas possam encontrá-lo ao sentir como vive em nós» (T. Merton).
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