Foi um bom amigo, que por acaso também é jesuita (mas só por acaso claro!) que me aconselhou o livro de Michael Paul Gallagher, «Livres para Acreditar: Dez Passos para a Fé» (ed. Tenacitas, Coimbra 2011, 178 págs.). Jesuita irlandês, foi professor de literatura na Universidade de Dublin entre 1972 a 1990, antes de se tornar professor de teologia em Roma. O livro é uma proposta de (re)-descoberta da Fé Cristã, num caminho pessoal. Como qualquer livro, é um contributo, apenas. No caso deste livro, é um belo contributo.
O autor não se preocupa em “justificar” a fé cristã nem “defendê-la”; o seu propósito é – em três partes ou em dez passos – descobrir as dimensões que a pessoa vive num caminho de confiança e liberdade. Diz o autor na sua Introdução: «O nosso plano é então explorar a procura da fé como uma caminhada ou uma história tripla: um caminhada de liberdade – histórias de libertação; uma caminhada de verdade – histórias de busca; uma caminhada de receber e de dar – histórias de amor (…) Apesar de não tratar de questões tradicionais de teodiceia, tal como o problema do mal, este livro tenta evidenciar o que podem ser bloqueios que impedem as pessoas de se tornarem psicológicamente livres para a fé. Depois prossegue, tentando ver como é que os caminhos da fé se podem tornar credíveis na nssa cultura. E finalmente procura imaginar como é que o cristianismo pode ser acolhido e vivido hoje.»
Esperando que o autor me perdoe (e o tradutor, Luis Ferreira Amaral sj), partilho aqui o esquema-revisão que ele apresenta no fim do livro sobre os dez passos: com este esquema podemos ficar com uma ideia do caminho que ele propõe, um caminho enriquecido não só com as suas reflexões como com as citações que apresenta. Boa caminhada!
«1) Libertar-se. A primeira libertação: de um falso eu, preso em atitudes negativas, para um eu verdadeiro, generoso e vivo; o que implica paciência para com as sombras, até conseguir estar em paz e em contacto com os sentimentos mais profundos;
A segunda libertação: das pressões de uma cultura superficial para a coragem de viver de um modo diferente: com maior simplicidade, mais contemplativamente e encontrando um outro tipo de comunidade de apoio;
A terceira libertação: do pensar Deus com a linguagem do ‘estando algures lá em cima’ para um espanto que possa experimentar um sentimento de assombro e reverência perante o Mistério e levantar questões genuínas sobre a verdade religiosa;
A quarta libertação: dos deuses indignos e imaturos das imagens da infância para o rosto humano de Deus revelado em Cristo.
2) Focalizar a atenção. A primeira busca: o coração que se deixa conduzir pelas suas aspirações mais profundas, mantendo as suas inquietações, esperando que o tempo esteja maduro para dizer ‘sim’ (o autor inspira-se na figura de S. Agostinho);
A segunda busca: A mente que busca um sentido, lutando com os muitos porquês da existência (neste caso, a inspiração é a figura de S. Tomás);
A terceira busca: A consciência, desperta para os auto-enganos e para os escândalos do nosso mundo fragmentado, que apesar disso se esforça por descobrir aquilo que é justo e que é melhor (com Henry Newman);
A quarta busca: O espírito interior que não foge do silêncio, que experimenta um pouco da sua própria profundidade e que aprende aí a escutar a palavra de Deus (com Teresa de Ávila).
4) Amor em que a fé nasce. A primeira história de amor: Descobrir que, em Jesus Cristo, Deus se aproxima de nós; encontrá-Lo pessoalmente, ser surpreendido com a sua compreensão e com o poder da sua compaixão;
A segunda história de amor: Tendo chegado à honestidade graças à humildade que nasce da inconstância na capacidade de amar, provocados pelos desafios que o Evangelho nos lança, ficamos mais preparados para nos libertar-nos de nós próprios e das nossas resistências à fé.»
P.S.: Eduardo Madureira, no jornal Diário do Minho, fez uma apresentação do livro que pode ser vista em http://religionline.blogspot.pt/2012/04/quem-nos-estraga-vida-quem-e-que-no-la.html
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Muito bom