Um verbo difícil, exigente, que deixa marcas na pele, que não anula o que somos e vivemos – a nossa memória, as feridas, os sacrifícios. Um verbo que povoa as páginas dos Evangelhos, as relações familiares, os consultórios psiquiátricos. Um verbo tão vital e urgente. Que têm para nos dizer dois interlocutores tão incomuns como a comunidade científica atual e os Padres do Deserto dos séculos IV e V?
«Ó tempo volta para trás»… será?
Perdoar. Que verbo fomos nós escolher! O tema é imensamente vasto e complexo, com ramificações em todos os papéis que desempenhamos na vida, desde as relações familiares às profissionais. Escrevo-o apenas como aperitivo. O que se poderá dizer sobre este verbo da salvação que já não foi dito? Como trazer algo novo à luz do dia? Se virmos as publicações científicas sobre este tema percebemos que ainda suscita perguntas, que estimula a curiosidade de quem estuda este campo de investigação interdisciplinar. Além disso, tal como no primeiro verbo – Comer –há uma translação do saber científico para benefício da sociedade. Como difere o perdoar com a idade? Como interfere aquilo que absorvemos da nossa família e comunidade? Perdoar traz benefícios para a saúde?
Lembram-se do primeiro artigo? Segundo os dados mais atuais, o ser humano deverá ter 200 mil anos, mas argumenta-se que, pressionada por questões evolutivas, a linguagem moderna terá surgido aproximadamente há 70 mil anos. Enquanto ser evolutivo, o ser humano precisou de tempo – e muito – para desenvolver a linguagem moderna. Não nos podemos esquecer que ficamos muito contentes quando um bebé começa a falar lá pelos 2 anos. O ser humano precisa de tempo para passar de um estado de ação-reação e de luta pela sobrevivência, com um pensamento rápido, para um pensamento lento que aprecia a música ou a poesia. Através do fóssil de Lucy (o austrolopiteco com 3,2 milhões de anos) estima-se que o seu cérebro tivesse 500 gramas; já o cérebro do Homo sapiens anda pelo 1.4 kg, e os neurocientistas conseguem através de técnicas de imagiologia ver exatamente que parte do nosso cérebro é ativada quando estamos a perdoar.
A noção de perdão cresce connosco?
Pelos vistos, a noção de perdão também cresce connosco. Quem o diz é Robert Enright, professor de Psicologia da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA) e membro fundador do International Forgiveness Institute (“Instituto Internacional do Perdão”). Com mais de 30 anos de estudo na área, Enright acredita que a nossa compreensão de perdão evolui na infância e em jovens adultos, em parte influenciada pelo que aprendemos dos nossos pais e da comunidade. Enright identifica quatro estádios de desenvolvimento de acordo com a idade: 1) ficar quites; 2) compensação; 3) norma social; 4) virtude moral.
E quais são esses quatro estádios?
No primeiro estádio, o estamos quites, as crianças pelos 8-10 anos pensam o perdão como «ficar quites». Algo como, «eu perdoo-te se tu primeiro tiveres aquilo que mereces: o castigo pelo teu comportamento».
Lá pelos 12 anos, as crianças desenvolvem o segundo estádio naquilo que os investigadores chamaram uma perspetiva recíproca, o perdão como um ato condicional. Aqui o pensamento da criança é algo como «eu perdoo-te se eu for compensado». Enright sugere que nesta etapa podemos ajudar as crianças a aprender a distinguir entre o perdão e a reconciliação. A reconciliação é definida como o processo pelo qual as pessoas negoceiam o retorno à confiança mútua. É possível perdoar antes de restabelecer a confiança na outra pessoa? Quando perdoamos a alguém não significa que escolhamos reconciliarmo-nos com essa pessoa; e mesmo que a outra pessoa não esteja interessada na reconciliação, não significa que não possamos libertar a nossa raiva e aproximarmo-nos através do perdão. À medida que as crianças percebem que perdão e reconciliação não são a mesma coisa, poderão estar abertas a oferecer o perdão incondicional mesmo lutando pela justiça.
No terceiro estádio, que vai aproximadamente dos 12 aos 15-16 anos, há um desenvolvimento mais complexo do que é perdoar, em que a atenção está focada no grupo e no contexto familiar. Isto significa que a vontade de perdoar depende das normas do grupo e da família. Tal como acontece nos estádios anteriores, os adolescentes continuam a ser influenciados por fatores externos, mais do que uma convicção interna da bondade intrínseca do perdão.
E por fim, a virtude moral. No seu desenvolvimento mais elevado, perdoar significa oferecer incondicionalmente a misericórdia a alguém que atuou de forma injusta. Enrigth e a sua equipa concluem que os estudantes universitários e os jovens adultos começam a ver que perdoar é uma virtude moral forte, que deve ser oferecida independentemente de fatores externos, como a punição, a compensação ou as normas do grupo. Neste estádio têm tendência a ver o perdão como digno do seu tempo porque é bom para as famílias, comunidade e toda a sociedade. A forma mais elevada de perdoar é oferecer amor e bondade para o bem dos outros, e não como uma razão que sirva os interesses pessoais, seja na espera de uma compensação ou na aprovação dos pares do grupo.
E nós crescemos com o perdão?
Sim e recomenda-se. Perdoar traz fortes benefícios psicológicos a quem perdoa. Diminui a ansiedade, a depressão, a raiva não saudável e outros sintomas de stress pós-traumático. Deixamos aquele estado de sobrevivência, de ação-reação carregado de uma hormona que se chama cortisol, para outro em que o que predomina é a oxitocina, a mesma hormona que as mães têm, por norma, “às toneladas” quando os seus filhos nascem. Marian Rojas Estapé, médica psiquiatra espanhola, diz que «saber perdoar-nos é importante para seguir em frente. Trabalhar a forma como olhamos os outros influencia positivamente a saúde. Para o perdão é a chave: um coração ressentido não pode ser feliz».
E afinal o que o que faz com as pessoas envelheçam melhor e mais felizes?
Lembram-se no primeiro artigo de termos falado daquelas pessoas com uma esperança de vida acima da média em cinco lugares do mundo? Pois bem, para além de comerem comida a sério, essas pessoas mantêm uma rede social de apoio e um sentido de comunidade (amor e intimidade, significado e propósito). Enquanto em Okinawa (Japão) têm os seus moais (grupos de suporte), os habitantes da província de Ogliastra (Sardenha, Itália), encontram-se com os amigos ao final da tarde e os Adventistas de Loma Linda na Califórnia (EUA) juntam-se nas suas congregações semanalmente para terem refeições juntos. Lisa Berkman, epidemiologista em Harvard, estudou a ligação entre a longevidade e as relações matrimoniais, de amizade, familiares, de associativismo e de voluntariado. Concluiu que o tipo de relação é irrelevante: o mais importante é a ligação que se estabelece. Robert Waldinger, psiquiatra em Harvard que liderou um dos estudos mais importantes sobre felicidade, diz que «as boas relações mantêm-nos felizes e saudáveis». Percebeu que não é importante a quantidade mas sim a qualidade.
Perdoar é um processo com muitas etapas e muitas vezes não linear, mas pode curar-nos e permitir levar a vida adiante com sentido e propósito. Como diz Marian Rojas Estapé, «perdoar é ir ao passado e voltar são e salvo».
«Um dia um irmão pecou em Cétia. Os anciãos reuniram-se, mandando chamar o pai Moisés. Como ele não queria vir, os presbíteros mandaram-lhe dizer: ‘Vem, porque estão à tua espera!’. Ele decidiu então ir, levando consigo às costas uma cesta furada, cheia de areia. Os irmãos que foram ao seu encontro perguntaram-lhe: ‘Pai, o que vem a ser isto?’. O ancião respondeu-lhe: ‘São os meus pecados que me escapam pelas costas, sem que eu os veja. E hoje vim aqui para julgar os pecados dos outros’. Ouvido isto, não disseram nada ao irmão que pecara e perdoaram-lhe».
Uma oração litúrgica reza-nos as seguintes palavras:
«Senhor, que dais a maior prova do vosso poder
Quando perdoais e Vos compadeceis,
Derramai sobre nós a vossa graça».
Palavras arriscadas. Ao professarmos a nossa fé no Deus que é Pai e que é todo-poderoso, associamos esse poder à criação e ao universo, ao tempo e ao cosmos, aos milagres e aos sacrifícios, à ressurreição e ao fim dos tempos. O que a liturgia nos aponta, por outro lado, é que a maior prova do poder de Deus está no perdoar e no com-padecer, no sofrer com aquela e aquele que sofre. No perdão de Deus revela-se uma prova maior de poder, maior até do que a criação do universo.
Neste breve caminhar sobre o verbo perdoar, seremos acompanhados pelos testemunhos das Madres e dos Padres do Deserto. Convém, naturalmente, apresentar estas figuras maiores da tradição cristã.
As Madres e os Padres do Deserto: uma breve palavra
Ano de 313 depois de Cristo: o édito de Milão restabelece o direito de cidadania e de culto aos cristãos no império romano. De perseguido e marginalizado (sempre em graus variáveis, dependendo das províncias e das épocas), o cristianismo passará, no espaço de um século, a constituir a religião oficial do império. Imperadores convertem-se, os episkopos (bispos) recebem funções de governo civil, os pedidos de batismo multiplicam-se na mesma medida em que diminui a exigência de preparação e conversão.
O que à maioria pareceu uma vitória do Reino dos Céus na história, a uma pequena minoria representou um perigo mortal. Ao mesmo tempo que as catedrais das grandes cidades de então se enchem de batizados, um pequeno e persistente movimento parte em direção aos desertos do Egito e Médio Oriente. Na sua viagem transportam o desejo de uma radicalidade na vivência do Evangelho que as cidades, na sua opinião, já não permitem. Na sua experiência ressoa um mandamento evangélico: o de orar sem cessar (Lc 18, 1; 21, 36), a busca de uma oração livre de toda a tentação de autojustificação, centrada na prece do publicano no templo: «Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador» (Lc 18, 13). Nas periferias do rio Nilo, do Mar Morto ou do Sinai, milhares de mulheres e homens dedicam-se ao trabalho manual, aos salmos e à busca incessante da oração silenciosa – aquela que se purificou, quer das nossas palavras e pensamentos, quer das palavras e ideias que atribuímos a Deus ou sobre Deus. Desta fulgurante experiência – no século VIII já havia, tão somente, vestígios – ficaram-nos Ditos e Feitos, transmitidos por tradição oral ou manuscrita, de pequenas histórias, sentenças e mensagens, pérolas de sabedoria limadas pela cruel experiência do silêncio. É a partir destes Ditos que encontraremos, agora, a inspiração e o estímulo para conversar sobre a experiência do perdão.
«Não julgueis, para não serdes julgados» (Mt 7, 1)
«O pai Poemen disse ainda ao pai Isaac: “Alivia-te da carga de juiz e terás repouso nos teus breves dias”».
«Um ancião disse: “Ainda que alguém, seja de que maneira for, peque na tua presença, não o julgues, mas considera-te como mais pecador do que ele. Na verdade, tu vês a falta, mas não vês a penitência”».
As Madres e Padres do deserto levaram a sério – de um modo que talvez mais nenhum grupo na tradição cristã levou – os peremptórios mandamentos presentes no Novo Testamento sobre não julgar (Rm 2, 1: «Por isso, não tens desculpa tu, ó homem, quem quer que sejas, que te armas em juiz»; Tg 4, 11-12: «Quem fala mal de um irmão e o julga, está a falar mal da lei e a julgá-la. Ora, se tu julgas a lei, já não és cumpridor da lei, mas seu juiz»). Talvez o caminho destes Padres e Madres rumo ao deserto fosse motivado precisamente pelo desejo e necessidade de curar e purificar a mente e o coração de todos os sentimentos e pensamentos de juízo, culpa e condenação em relação aos irmãos, sentimentos e pensamentos que sempre nos acompanham. Não que seja necessário fugir fisicamente para um deserto: várias vezes, nos ditos dos Padres, surgem elogios àqueles que, permanecendo nas cidades e nas suas ocupações familiares e sociais, conseguem progredir no silêncio do coração em relação a todas as tentações de juízo e condenação. Aliás, o mérito destes é, para os Padres, muito superior.
A proposta espiritual dos Padres situa-se, digamos assim, num estado anterior e mais profundo do que o gesto de perdoar ao outro: trata-se de se libertar, em si próprio, dos mecanismos de culpabilização. O perdão torna-se um caminho aberto, dentro de nós e na nossa vida, quando se desligam as barreiras dos juízos, das comparações, das culpas e das condenações. Não se trata de anular ou desistir dos valores evangélicos que convidam ao arrependimento e à conversão: de facto, é por aí que Jesus inicia a sua pregação (Mc 1, 15). Mas este chamamento de Jesus é acolhido pelos monges do deserto como dirigido, antes de tudo, a si mesmos, em chave de autocrítica; e esta surge com uma dimensão de tal modo grande e imensa, que qualquer tendência a encontrar os pecados dos irmãos se torna algo que não faz sentido: «Porque reparas no argueiro que está na vista do teu irmão, e não vês a trave que está na tua vista? Como ousas dizer ao teu irmão: “Deixa-me tirar o argueiro da tua vista”, tendo tu uma trave na tua?» (Mt 7, 3-4).
No núcleo da sua vivência está a experiência do batismo, vivido – ao contrário do que é habitual entre nós – como uma radical imersão de uma vida adulta, com um passado tecido de ruturas e acusações, nas águas batismais do perdão e da graça de Deus. «Como pode um homem nascer, sendo velho?», pergunta Nicodemus (Jo 3, 4). Deixando morrer, no primeiro e no segundo batismos (o segundo é a penitência) todos os juízos que bloqueiam o encontro consigo mesmo e com os irmãos. Tal é, para os Padres do deserto, o pleno caminho da vida cristã.
«Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso» (Lc 6, 36)
«Disse o pai Isaac: “Do mesmo modo que um grão de areia não pesa tanto como uma grande quantidade de ouro, assim também em Deus a exigência de um justo juízo não pesa tanto como a sua compaixão. Como um punhado de areia no imenso mar, assim são as culpas da humanidade face à providência e misericórdia de Deus. Da mesmo forma que uma sobreabundante nascente não pode ser tapada por um punhado de pó, também a compaixão do Criador não pode ser vencida pelo pecado da criatura”».
«Disse ainda o pai Isaac: “Que o prato da misericórdia pese sempre mais na tua balança, até que tu pressintas em ti essa misericórdia que Deus tem pelo mundo… Porque um coração duro e impiedoso nunca será puro. Um homem misericordioso é o seu próprio médico”».
Para os Padres, o chamado “pecado contra o Espírito Santo”, o único que não tem perdão (Mt 12, 31-32), consiste em duvidar da misericórdia de Deus. Sob a capa de uma falsa imagem de Deus, o monge – e o cristão – cai na tentação de confiar nas suas próprias forças, nas suas virtudes e boas obras para conquistar o seu lugar na economia da salvação. Confiando-se capaz e à altura dessas virtudes e dessas obras, o monge – e, de novo, o cristão – cai na tentação imediatamente seguinte: a de acusar, julgar ou murmurar contra o outro, aquela ou aquele que caem no caminho, vítima de todo o tipo de assaltos (Lc 10, 30-36). Um coração de pedra impedirá o que se considera justo de se debruçar sob o ferido, porque o considera como culpado.
Por diversas vezes o Novo Testamento refere como a experiência de pecado, o seu reconhecimento humilde, se converte em oportunidade de graça, em acontecimento de salvação diante da misericórdia de Deus («onde aumentou o pecado, superabundou a graça», Rm 5, 20); o orgulho farisaico, pelo contrário, fecha as portas a essa misericórdia: «Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Ide aprender o que significa: “Prefiro a misericórdia ao sacrifício”. Porque Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores» (Mt 9, 12-13).
«Felizes os puros de coração, porque verão a Deus» (Mt 5, 8)
«O pai Arsénio disse: ‘Se teu irmão peca contra ti e tu lhe perdoares, mas, depois, o diabo se intromete com a sua voz em teu coração, para que tu não olhes para teu irmão, não deixes que tal palavra permaneça em teu coração».
«Perguntaram a um ancião: “Quando é que um homem sabe que alcançou a pureza?”. Eis a resposta: “Quando considera que todos os homens são bons e ninguém lhe parece impuro ou manchado: então é verdadeiramente puro de coração”».
Diz a Primeira Carta de Pedro que «a caridade cobre uma multidão de pecados» (1Pe 4, 8). Habitualmente lemos a relação curativa entre a caridade e o pecado num âmbito interno e pessoal: a caridade que procuramos viver e praticar cobre, cura e purifica o nosso pecado. Mas esta é uma lógica que, tendo um fundo de verdade, encobre uma perigosa tentação: a da autojustificação, no sentido de conseguirmos, por nós mesmos, superar o nosso pecado. Os Padres, neste sentido, são bem mais realistas na compreensão da nossa natureza humana: não depende de nós, mas sim de Deus, a libertação do pecado. De nós depende, sim, a humildade de o confessarmos, de o reconhecermos, de o ter diante dos olhos. A caridade que vivemos cobre e protege com um manto protetor (um símbolo que os Padres utilizam com frequência) o nosso irmão que é também pecador como nós, a multidão dos seus pecados que nunca será tão grande como a nossa. A minha caridade, bem vivida, consegue cobrir e purificar muitos pecados, mas os do irmão, não tanto os meus! «A caridade não se fixa no mal e tudo desculpa» (1Cor 13, 5-6).
A difícil e exigente graça de perdoar brota, assim, lenta e diariamente, de um caminho indissociável da oração e da experiência espiritual: uma missão e uma bênção que nós, os cristãos, temos a sorte de nos ver confiadas. Sorte essa a que se junta a beleza de uma Tradição de dois mil anos de testemunhas e de sabedoria, como a dos Padres e Madres do deserto. Não se trata de responder a todas as questões e dúvidas que nos surgem com a experiência do dia-a-dia: a violência do pecado, as feridas profundas, a opressão continuada. Também para isso há um juízo, que pertence à esperança cristã, e que pede uma vigilância e uma atuação concretas. Trata-se, antes, de exercitar-se na arte quotidiana de perdoar, de confiar a Deus as nossas feridas e de reconhecer na humildade o nosso pecado, perdoado e reconciliado em Cristo. Tal é o segredo para colocar de parte, diariamente, todos os juízos em relação aos irmãos e todos os pensamentos negativos, quer de autojustificação, quer de desespero.
[As citações dos ditos dos Padres são retiradas de: Isidro Lamelas (org.), A Via da Misericórdia – Na Sabedoria dos Padres do Deserto, ed. UCEditora, Lisboa 2016].
Adelaide Miranda
Rui Pedro Vasconcelos
Mensageiro de Santo António, março 2020
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