Fundamentos

Recordar


  1. Memórias afetivas, sensoriais e outras

10 mil é o número de estrelas que conseguimos ver a olho nu numa noite e local escuro. 100 mil milhões de estrelas é, segundo o site da Agência Espacial Europeia, o número estimado de estrelas só na Via Láctea. Encontramos a mesma quantidade num cérebro de um bebé ao nascer: 100 mil milhões de neurónios. É fascinante o que se passa na cabeça de um ser humano ao nascer. Pensar em memória não é necessariamente um exercício abstrato ou de vocalizar, nostalgicamente, «ó tempo, volta para trás». 

A biologia, a psicologia, a ciência cognitiva e até, mais recentemente, a ciência dos computadores contribuem para o facto de a definição de memória estar em evolução. Socorro-me da psicologia para definir o que é a memória: faculdade de codificar, armazenar e usar informação. Inclui três categorias: a sensorial, a de curto prazo e a de longo prazo. Todos estes tipos de memória têm caraterísticas diferentes. Por exemplo, não controlamos conscientemente a memória sensorial, na memória de curto prazo temos informação limitada e na de longo prazo podemos armazenar uma quantidade indefinida de informação. Foi só em 1966, com a descoberta da potenciação a longo-prazo, que começámos a entender a memória como um processo neuro-químico.

Para este artigo, vamos lembrar-nos do património sensorial que levamos connosco e esquecermo-nos das patologias associadas à perda desta faculdade. No último artigo sobre o «Ouvir e escutar» falámos de um património auditivo, de como os bebés ao nascerem trazem consigo uma memória de sons da vida uterina que lhes permite reconhecer a voz da mãe e dos que estiveram mais próximos, de histórias ou músicas. Mas trazem mais do que isso consigo. Trazem já consigo um património gustativo.

A sopa de grão-de-bico da avó é que era boa! 

Ali pela 30ª semana de gestação, sete meses e meio, ocorre a ativação das papilas gustativas, o bebé começa a saborear o que lhe chega. A dieta da mãe influencia a composição do líquido amniótico e os dados apontam que este será o primeiro passo no desenvolvimento da memória sensorial gustativa. O segundo será o leite materno, que muda de composição conforme a dieta da mãe. Claro que do ponto de vista evolucionário, por uma questão de sobrevivência – como vimos no primeiro «Verbo da Salvação», o Comer – temos uma preferência inata pelo doce. 

Não será por acaso que o património gustativo é também afetivo. Não é só uma questão de gosto, há certas comidas que associamos aos nossos, e que mesmo muito anos mais tarde continuamos a recordar. Ainda hoje oiço falar de refeições e comidas com quase meio século.  Não é por acaso que há marcas no mundo da alimentação que tocam exatamente neste ponto. 

E se já temos memória porque não nos lembramos em adultos do que se passou quando erámos tão pequenos?

É a chamada amnésia infantil, quando em adultos perdemos a capacidade de nos lembramos de episódios que se passaram na primeira infância. Estamos a falar ali dos três, quatro anos para trás. Na maioria das vezes as memórias da primeira infância confundem-se com histórias que ouvimos. É um fenómeno que ainda está longe de ser totalmente compreendido. Há alguns fatores que parecem contribuir. Por um lado, há que ter em conta as alterações no desenvolvimento dos processos básicos de memória, que ocorrem até à maturação na adolescência. Por exemplo, o hipocampo, responsável na formação da memória do tipo «quem, o quê, quando e onde», desenvolve-se por completo entre os 3 e os 5 anos. Por outro lado, a linguagem parece ser um fator relevante: do primeiro ano de vida até aos 6 anos as crianças passam do falar uma palavra (olá, mamã, papá) até serem fluentes na sua língua nativa. A capacidade de uma criança verbalizar sobre um acontecimento quando este aconteceu permite estimar como se lembrará do mesmo, meses ou anos mais tarde. E quanto mais elaboradas e coerentes forem as histórias contadas pela família aos mais pequenos, maior capacidade terão estes de recordar os seus primeiros anos de vida.

O paradoxo. Se não nos lembramos porque somos influenciados?

Ainda que não nos lembremos dos primeiros anos da nossa vida, eles deixam vestígios na nossa memória que influenciam os adultos que eventualmente seremos. O laboratório de Cristina Alberini, neurocientista italiana e professora de neurociência na Universidade de Nova Iorque, investiga as bases moleculares dos processos de aprendizagem e memória. Esta cientista interessa-se por entender quais são os mecanismos moleculares que estão na base da formação da memória de longa duração, a sua estabilização, persistência e fortalecimento. Alberini acredita que a identificação dos mecanismos que estão na base da disrupção ou fortalecimento é importante para compreender a memória em termos fisiológicos, mas também para caracterizar as doenças psicopatológicas. De forma simples, o que propõe é que na primeira infância o hipocampo passa por um período crítico de desenvolvimento similar ao implicado no desenvolvimento da visão, da audição, da aprendizagem da linguagem. É uma maturação funcional dependente da experiência em que o hipocampo e o sistema de aprendizagem do hipocampo estão altamente focados no processamento das primeiras experiências e no armazenamento de memórias infantis. Cristina Alberini propõe que a amnésia infantil reflete um período crítico durante o qual o sistema de aprendizagem está a aprender como se aprende e se lembra. 

«É música para os meus ouvidos» …

Talvez as memórias estejam lá, talvez só não saibamos como ativá-las. E a música parece ser um meio de ativação da memória. Em termos práticos, lembro-me do vídeo que mostra a bailarina de idade avançada que, tendo perdido a memória e locomoção, ao ouvir certa melodia começa com uma sincronização espantosa a mexer o corpo da mesma forma que o fazia em palco. Ou o documentário Alive Inside. Ou ainda da história que Françoise Dolto, pediatra e psicanalista francesa, conta num dos seus livros sobre a misteriosa música que a sua paciente se lembrava detalhadamente nos sonhos. Veio a descobrir que era uma música de embalar que a sua ama indiana lhe cantava no seu dialeto nativo. A última vez que a tinha ouvido tinha sido pelos seus nove meses, altura em que deixou a Índia.

E quando nos lembramos de coisas boas que fizemos?

Bom, parece que faz bem à saúde! Mas não vale só fazer uma, há que fazer muitas e recordar, porque uma mente bem cultivada, bem ajardinada – como um vergel – faz muito bem à saúde. 

II. A Páscoa, caminho de memória

Tendemos a associar o mistério da Páscoa ao futuro: também nós, um dia, participaremos do mistério da morte e ressurreição de Jesus, de cujo Corpo participamos e nos alimentamos. Se a Páscoa tem a ver com o passado também, é mais facilmente recordada quanto a Jesus e aos seus discípulos. E quanto ao nosso passado pessoal, à nossa memória? Que ligação poderá existir entre a história de cada um de nós e esta Páscoa a que também pertencemos? Sabemos que uma existência reconciliada com o passado permite viver o presente de um modo mais liberto; sabemos também que tal reconciliação só acontece através de um recordar, e não através de um esquecer. Por isso recordar é um verbo densamente pascal (como qualquer verbo!): implica uma passagem, um movimento, uma travessia, um perder e recuperar «cem vezes mais». Através de uma leitura meditada de três relatos pascais evangélicos, procuraremos descobrir como os primeiros discípulos reconheceram o Ressuscitado através de um processo de memória. O leitor poderá, se o desejar, fazer-se acompanhar de um Novo Testamento e percorrer, primeiro, os textos bíblicos que serão propostos para a leitura.

Os Evangelhos não apresentam discursos teóricos ou doutrinais para expor a sua fé na Ressurreição de Jesus: o lugar do discurso, do ensinamento, está reservado a Jesus, o Mestre; aí os discípulos não ensinam, apenas seguem. Para expor o acontecimento pascal, os Evangelhos relatam experiências de encontros pessoais, testemunhas que reconheceram o Ressuscitado. Não apenas que O viram, mas que O reconheceram. Ver é da ordem do evidente, do que impõe, de algo que não nasce de nós; mas a experiência pascal pede também uma abertura, um discernimento, uma liberdade. Reconhecer é um trabalho de leitura dos sinais, dos textos, dos acontecimentos. Por isso só os discípulos podem reconhecer o Ressuscitado, e cada discípulo com o seu nome próprio e a sua história, a sua memória.

O Novo Testamento no seu conjunto – especialmente os quatro Evangelhos, o livro dos Atos dos Apóstolos e as Cartas de Paulo – apresentam diversos testemunhos de encontro e reconhecimento do Ressuscitado. A sua pluralidade – plasmada, por exemplo, em pormenores e modos diferentes de relatar este acontecimento – releva não só que não se tratam de relatos jornalísticos neutros, como também que se tratam de relatos assentes na memória e na tradição oral. De facto, segundo os investigadores nos estudos bíblicos, os textos que nos chegaram terão sido elaborados, na sua versão definitiva, cerca de 30 a 40 anos após os acontecimentos que tiveram lugar em Jerusalém. Tal terá uma razão muito prosaica: a morte das primeiras testemunhas, os apóstolos, discípulas e discípulos que deram início à vida das comunidades cristãs. Antes de ser texto, o relato pascal foi memória, catequese oral, tradição alimentada pela pregação. E foi para preservar essa memória que surgiram os textos do Novo Testamento.

              As Mulheres e a memória do sepulcro vazio (Mt 28, 1-10)

Um dado é comum aos quatro Evangelhos, conduzindo-nos assim ao núcleo primitivo da experiência pascal cristã: a ida das mulheres ao sepulcro. Uma investigadora norte-americana, Kathleen E. Corley, através da análise dos textos bíblicos em comparação com a cultura mediterrânica antiga, sugeriu recentemente a hipótese de as primeiras comunidades cristãs se reunirem em torno a um gesto muito feminino de fazer a memória funerária do seu Mestre, com o gesto da fração do pão que Ele instituiu. Algo parece evidente: a fé no Ressuscitado não advém primeiramente de um exercício de reflexão doutrinal ou de busca de provas – atividade tradicionalmente masculina, sobretudo no século I dos filósofos, escribas e doutores da lei – mas sim de uma abertura afetiva da memória em torno dos sinais e das marcas do Mestre de Nazaré. Daí que os Evangelhos sejam unânimes em referir as dificuldades dos discípulos varões em dar crédito ao testemunho das mulheres que vão ao sepulcro e se deparam com o facto de que o Senhor não estar lá: mesmo elas próprias parecem fora de si (Mc 16, 8). Deparamo-nos, aqui, com a memória do sepulcro vazio. Algo de uma experiência similar pode dar-se na nossa vida: a experiência de voltar à casa de alguém recentemente falecido; essa pessoa já lá não está, é um lugar vazio. Sentimos aí, talvez pela primeira vez, uma falta, a ausência de um corpo. 

Da experiência destas mulheres temos hoje apenas testemunhos, sinais escritos, elementos. A fé no mistério pascal pode comparar-se a uma rede de experiências que se entrecruzam e se alimentam em tensão – a presença na comunidade, os sinais da fração do pão e da água batismal, o sentido das Escrituras e da história da salvação, o serviço aos irmãos mais pobres… Toda a nossa vida será um peregrinar neste mistério. Mas aqui parece surgir uma dimensão essencial: a visita feminina ao sepulcro. Depois advirá a pregação de Pedro no templo de Jerusalém – narra pelo livro dos Atos dos Apóstolos – uma pregação triunfal, acompanhada de sinais em nome do Ressuscitado e da adesão de novos membros ao Caminho, primeiro nome pelo qual foi conhecida a comunidade cristã. Depois virá isso. Mas antes vem o luto, a companhia possível na morte, o seguir o Mestre para lá da Cruz – para o sepulcro. Os Evangelhos são unânimes em referir a deserção dos Doze na Paixão: não poderão, por isso, ver o túmulo vazio, a memória da dor, dar-lhe um lugar afetivo. Só para as mulheres a morte terá um lugar, uma memória.

Não obstante, os Evangelhos são claros em afirmar que esta memória do sepulcro é uma memória pascal: há uma passagem, um movimento que impede as mulheres de ficarem retidas, paradas, centradas no desaparecimento e morte do seu Mestre. Do sepulcro vazio é proclamada uma Boa-Notícia que as mulheres deverão transmitir aos discípulos, convertendo-as em missionárias. A tristeza tem lugar, mas não tem a última palavra. A memória do sepulcro – do sofrimento, da perda, da morte – não é nem evitada, nem autocentrada, mas sim atravessada: é uma memória pascal.

     Os Discípulos de Emaús e a memória da Escritura e da Fração do Pão (Lc 24, 13-35)

Nas diversas linguagens evangélicas sobre os encontros com o Ressuscitado encontramos vestígios de dois movimentos: por um lado, os discípulos que permaneceram em Jerusalém após a Paixão, possivelmente numa atitude discreta e receosa perante o meio adverso mas, não obstante, a reler e fazer memória do projeto de Jesus. Por outro lado, os discípulos que, após a desilusão de Sexta-feira Santa, regressaram aos seus locais de origem que terão deixado para seguir o Mestre de Nazaré. Deste movimento serão exemplo os discípulos de Emaús, um relato próprio do Evangelho de Lucas.

A memória, mesmo que fragilizada pela tristeza, faz parte do caminho e abre à companhia do Ressuscitado. Os discípulos não reconhecem o Senhor pois não são capazes de ver para lá daquelas que eram as suas expectativas do Messias. Necessitam de fazer um caminho, um processo que é comum a qualquer ser humano: a cura da memória. Um acontecimento traumático os fez afastarem-se de Jerusalém: a morte de Jesus. Não era esse, de modo nenhum, o fim que previam e esperavam para o Messias. O fracasso, o sofrimento e a injustiça não tinham lugar no seu seguimento, no que consideravam ser a vocação e o projeto de Jesus. São, não obstante, capazes de falar dessa tristeza, dessa memória, quer entre eles, quer com o companheiro desconhecido de viagem. A recordação dos acontecimentos, a abertura da memória, a leitura do passado recente colocá-los-á num caminho pascal de cura.

O texto expõe a presença de dois elementos à disposição dos discípulos, que são mediação privilegiada do próprio Ressuscitado: a Escritura e a Fração do Pão, nome primitivo com que a comunidade designava a Eucaristia. Podemos reconhecer aqui os elementos que ainda hoje formam a liturgia eucarística: primeiro, a leitura da Escritura. Esta constitui em si uma memória privilegiada que ilumina, alarga e alimenta a nossa própria memória. Através das Escrituras, os discípulos saem do círculo fechado do presente da sua tristeza e desilusão, para encontrar na tradição de um povo e de uma comunidade os testemunhos da presença de Deus na história. Uma Escritura que nos chega até hoje, não apenas com os escritos de Moisés (a Lei) e dos Profetas, mas também com o Novo Testamento, a memória dos nossos pais na fé.

Segundo, a Fração do Pão. Foi o gesto, o único testamento que Jesus deixou em sua memória, o sinal do seu corpo e da sua vida entregues. Agora, os discípulos reconhecem o Mestre, vivo e presente, quando Ele já lá não está, tal como no sepulcro: agora, o Corpo de Jesus são os próprios discípulos, a sua voz, os seus membros, a sua presença. Tal como o sepulcro vazio, também a memória das Escrituras e da Fração do Pão não prende os discípulos, mas coloca-os a caminho, em direção aos companheiros de Jerusalém. O Ressuscitado desaparece da sua vista quando O reconhecem, porque não é um ídolo, mas a memória viva e libertadora de Alguém que está presente.

       Pedro, os companheiros e a memória da Galileia (Jo 21, 1-19)

Uma tradição primitiva, presente nos Evangelhos de Mateus, Marcos e João, refere o mandato que o Ressuscitado confia às mulheres e aos discípulos de se dirigirem à Galileia, onde O verão (Mt 28, 10). Poderá estar aqui presente, possivelmente, uma expressão de comunidades de discípulos de Jesus vinculadas não tanto a Jerusalém e aos Doze Apóstolos, mas às zonas rurais por onde Jesus passou a ensinar e a curar. Mas a mensagem é sobretudo teológica: o Ressuscitado não é outro senão o mesmo Jesus que «passou fazendo o bem» (At 10, 38) nos caminhos da Galileia, nas suas parábolas, nos seus encontros e milagres, no chamamento dos discípulos. É o mesmo Jesus: não é possível encontrar o Ressuscitado senão na memória do Profeta do Reino de Deus. No fundo, será preciso regressar à Galileia, ao início do Evangelho.

O evangelista João elabora uma catequese em torno a este regresso à Galileia no seu capítulo 21. Aí, Pedro e alguns dos discípulos estão a pescar, como quando foram chamados a seguir Jesus. Trata-se da memória de uma vocação originária e primordial. Também aqui não encontramos a Pedro e aos Apóstolos a pregar em Jerusalém e a liderar a comunidade, tal como é narrado no Livro dos Atos: o encontro com o Ressuscitado dá-se na memória da sua passagem pela Galileia onde partilhou o pão e o deu de comer à multidão. Também surge aqui a memória das pescas infrutíferas dos discípulos e das suas perigosas travessias do mar, restabelecidas pela presença do Senhor: a memória pascal reconhece as passagens do perigo e da dor para a libertação, da morte para a vida.

É neste regresso à Galileia como memória coletiva dos discípulos que o Evangelho de João nos apresenta a memória pessoal de Pedro. Também a esta o Senhor quer reconciliar, não através do juízo, da prova ou da condenação, mas através do amor. Três perguntas, três insistências de Jesus sobre o amor, trazendo imediatamente à memória as negações de Pedro na Paixão. Tal insistência deixa Pedro triste: se o Senhor sabe tudo, porque pergunta? O processo é doloroso: o Senhor não precisa de uma tripla declaração que compense a tripla negação, Ele conhece o amor de Pedro. A sua pedagogia conduz antes Pedro ao lugar da sua Paixão, da sua negação, da perda da sua união ao Mestre. Terá de ser no amor, e não apenas na fé, que Pedro seguirá a Jesus e viverá o seu serviço de líder da comunidade. Mas, antes, terá de recordar os seus passos mal seguidos e reconciliá-los no amor. 

Se a memória pascal conduz ao seguimento na Galileia, também conduz às quebras e dúvidas desse caminho. Tudo faz parte da vida do discípulo, tudo é lido, dialogado e sanado por Aquele que a todos dá o seu Espírito. Naquela que é uma narrativa pascal, estão presentes dois aparentes fracassos: uma pesca infrutífera, de noite, e a recordação de Pedro da sua negação. Também essas memórias fazem parte da fé pascal de Pedro e da nossa, para que o Ressuscitado possa não julgar ou condenar, mas recriar a partir das suas cinzas. O seguimento de Jesus é, também, um caminho de cura da memória.

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