Caminhos de Contemplação
Yves Raguin sj | Ed. Tenacitas 2015 | 204 páginas
Yves Raguin (1912-1998), jesuíta francês, dedicou grande parte do seu ministério no Oriente, entre a China, Taiwan e Vietname. O seu contacto com as religiões orientais e o estudo das relações culturais entre ocidente e oriente levaram a um aprofundamento da dimensão contemplativa da experiência cristã. Nesta obra, editada agora em Portugal, o autor proporciona-nos breves meditações sobre a arte e a prática da contemplação.
Redigido nos anos pós-conciliares, o livro constitui uma procura da recuperação de algumas dimensões fundamentais da vida cristã que, de certo modo, viram o seu espaço ser colocado à margem: a oração pessoal e contemplativa. Em nome do compromisso social, da vida comunitária e do progresso histórico, o ocidente cristão viu a sua qualidade espiritual ser ameaçada por falsas oposições.
“É preciso entrar na solidão da oração com a certeza de que, encontrando a Deus, encontraremos um maior amor pelos irmãos. Deixamo-los para melhor os reencontrarmos em Deus e neles próprios. O homem tem necessidade de solidão para se encontrar e desenvolver. De outro modo, ficaria sempre criança. Tem receio de ser deixado perante si próprio. Se o cristão não pode viver só em face do seu Deus, a Igreja mais não é do que um imenso rebanho; já não é a Igreja de Cristo.”
A necessidade da pausa, do silêncio e da solidão é fundamental numa vida humana com qualidade: em termos cristãos, esse silêncio é habitado pela presença de Deus. Com este livro, o leitor tem a possibilidade de acompanhar os seus espaços de oração com breves textos que o ajudarão nessa procura. Daí nascerá uma atenção maior às relações, aos acontecimentos e à fé.
“A contemplação pode ser tão natural como é natural para uma criança olhar para seu pai ou sua mãe. É aquele olhar da alma que relança para Deus, como um eco ou como um espelho, o dom do ser e do amor que Ele concedeu à sua criatura (…) Este acto deveria ser tão natural para o homem como sentir alegria de existir numa bela manhã de primavera.”
Artigo publicado na edição de Setembro do Mensageiro de Santo António
Susbscribe to our awesome Blog Feed or Comments Feed