Fundamentos

O nosso destino é Pascal…

… é assim o título de uma homilia de José A. Mourão, de que transcrevemos um excerto, com os desejos de um belo caminho Pascal: «será amanhã como ontem?»

rembrandt emmaus

«A vida do Ressuscitado está escondida em nós, como o fermento que leveda o pão, e essa massa é a espessura da nossa humanidade sofrente e jubilosa. A vida do Ressuscitado é-nos dada, mas discreta e leve como é leve uma palavra ou um perfume. Mataram o profeta em Sexta-Feira Santa para o fazer calar, mas hoje a palavra do pastor convoca ainda, suscitando testemunhos que encarnem esta palavra e a transplantem para a terra boa do desejo de que o amor os toque. Esta Palavra tocou-nos através dos homens e mulheres que dela testemunharam na sua vida.

Nós somos vivos no meio do Vivo. É a nossa vez: deixemo-nos habitar por essa Palavra para que a nossa vida se torne auto-revelação da Vida. Que o Verbo tome carne nas nossas Igrejas. Esta Palavra tocou-nos através de homens e mulheres que dela testemunharam na sua vida. Que o Verbo tome carne nas nossas Igrejas. É a nossa vez: deixemo-nos habitar por essa Palavra para que a nossa vida fale da Primavera da vida, Jesus Cristo.

Para nós, que chegamos aqui, será amanhã como ontem? A resposta foi confiada à nossa fé, que é tanto uma estrada escura como uma estrada branca. Acreditemos na vida de Cristo mais forte do que a morte. Acreditemos na sua força, capaz de nos acordar do torpor e do amolecimento, como o grão que na Primavera faz acordar a terra. Acreditemos na vitória da vida, na insubmissão que vence o mundo. A repetição anual da festa só tem sentido se o cristão refaz a passagem da morte à vida que foi a do seu baptismo. Ele passa assim, ‘de Adão ao Cristo, do homem velho ao homem novo, do velho fermento aos ázimos, do velho ao novo’, dos dias daqui ao dia único que é Cristo.

Toda a vida do cristão e da Igreja é uma saída do Egipto marcada por diferentes passagens, desde a primeira, a da conversão à fé, até à última, a da migração fora do corpo e do mundo. Todo o instante é Páscoa, toda a vida é passagem, toda a vida é eucaristia.»

José A. Mourão, «Quem vigia o vento não semeia», Lisboa 2011 (imagem: ‘Emaus’ de Rembrandt).

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