Antologia, Versão Portuguesa e Introdução de Paulo Quintela
Ed. Portugália, 1967
“O Prémio Nobel deste ano, se a não engrandece na sua radical humildade, exalta-a, pelo menos, aos olhos dos desatentos, a quem só dá na vista a letra grada (…) Milénios de dores de um povo humilhado e ofendido amassam-se e concentram-se decantados em dois decénios de uma vida sofrida que se salva e exalta numa linguagem de tónus lírico que não tem confronto senão nos trenos dos Profetas e dos Salmistas, na mística do Hassidismo e nos melhores momentos da poesia da década expressionista da literatura alemã” (Paulos Quintela, Diário de Lisboa de 27 de Outubro de 1965, sobre a atribuição do Prémio Nobel à judía alemã Nelly Sachs).
“Não cantos de luta vos vou eu cantar
Irmãos, expostos ante as portas do mundo.
Herdeiros dos salvadores da luz, que da areia
arrancaram os raios enterrados
da eternidade.
Que na mão seguraram
astros cintilantes como troféus de vitória.
Não canções de luta
vos vou eu cantar
Amados,
só estancar o sangue
e as lágrimas, que gelaram nas câmaras da morte,
degelá-las.
E buscar as lembranças perdidas
que rescendem proféticas através da Terra
e dormem sobre a pedra
em que os canteiros dos sonhos enraízam
e a escada da nostalgia
que ultrapassa a Morte.”
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