As Moradas: Castelo Interior
Teresa de Ávila
Ed. Carmelo | Avessadas 2015 (2ª edição) | 237 páginas
No âmbito da celebração do V centenário do nascimento de S. Teresa de Jesus, as Edições Carmelo continuam a publicar novas traduções das obras da primeira Doutora da Igreja. Com a publicação das Moradas, é-nos possibilitada a leitura da obra de maturidade de S. Teresa, redigida no ano de 1577. As Moradas são uma obra contemplativa, na qual a Santa traça um percurso de encontro com Deus em interioridade, seguindo as pistas da sua própria experiência pessoal, na tradição de obras como as Confissões de S. Agostinho ou a Nuvem do Não-Saber.
Na linguagem própria do seu tempo (e com um tom muito pessoal e apaixonado), S. Teresa apresenta-nos a interioridade pessoal segundo a imagem de um castelo ou de um palácio com diversas moradas ou habitações, cujo caminho espiritual consiste em descobrir e explorar. Neste palácio vive um grande Rei, que nos convida a um encontro de Amor.
Nesta obra, somos conduzidos ao encontro com o que de melhor a tradição cristã nos pode oferecer: a sua experiência espiritual. No difícil contexto religioso do século XVI (as reformas protestantes, a inquisição, as guerras de conquista, o frágil lugar social da mulher), S. Teresa aponta uma revolução que transcende até a reforma carmelita: a revolução da descoberta de um Deus de Amor, livre de todos os traços de juízo e de condenação, um Deus que se faz presente ao encontro com qualquer crente, num caminho de libertação e de vida.
A experiência mística não consiste em visões extraordinárias, mas no encontro pessoal, longo e quotidiano (dura a vida inteira!) com o mistério amoroso de Deus revelado na humanidade de Jesus – uma experiência a que todos os crentes, sem excepção, somos convidados. Ler esta obra é seguir os passos deste encontro com uma mestra sublime.
“À medida que (a alma) vai conhecendo cada vez mais as grandezas do seu Deus, e se vê tão distante e longe de O gozar, o desejo aumenta-se-lhe muito mais. Mas, à medida que lhe é mostrado como este grande Deus e Senhor merece ser amado, também lhe cresce o amor.”
Artigo publicado na edição de Setembro do Mensageiro de Santo António
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