Fundamentos

De novo com José A. Mourão…

… um poema e um breve excerto, para começar bem a semana e o mês de Julho; para quem for o caso, um bom início de férias e… boas leituras!

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Numa breve homilia a partir de Gl 3,26-28; Lc 1,39-45, encontramos a referência a um baptismo presidido por José A. Mourão, de uma criança chamada Ana Cristina. Nesta homilia, essencialmente dirigida aos pais da neófita, encontramos dois pensamentos essenciais, ou duas intuições: a Igreja na qual, pelo baptismo, a Ana é inserida – a Igreja de Jesus –  e o Mundo que a Ana, pelo nascimento, encontrará. Os três excertos que seguem são neste sentido (os excertos são retirados de «Quem Vigia o Vento não Semeia, Lisboa 2011; o poema de «O Nome e a Forma», Lisboa 2009).

«Estamos a baptizar a Ana Catarina no nome daquele que era um homem livre frente à estereotipia morta de uma religião legal, frente à ignorância com que o levaram à morte, que testemunhou da Vida sem fim e da Palavra de verdade; que contrariou a linguagem do mundo, que subverteu a lei geral da reciprocidade: amemos os que nos amam ou odiemos os que nos odeiam; que anunciou a Palavra da Vida e algo que não sabíamos: a vida, a nossa vida, é uma revelação, viver é revelar-se a si mesmo (…)

Que deixam os adultos de hoje em herança aos filhos? A esperança de um mundo aberto ou o fantasma de um mundo fechado e defendido? Os adultos de hoje converteram o desejo de segurança em obsessão e delírio securitário – já nada lhes aparece como promessa, tudo é ameaça; os adultos tornaram-se evasivos: não respondem a nada. Vivem refastelados à sombra das dramatizações cínicas, da indiferença, dos massacres. Dormem bem com o gosto da autoridade, do juízo, da repressão. Preferem a unanimidade à diversidade (…)

Aceitai a questão aberta que é cada um dos vossos filhos, alargai a roda: o mundo não é apenas a vossa eira. O cristão sabe que acredita, que espera o regresso de Cristo, contra a ideia de que tudo vale e que nada deve ser julgado conforme a verdade e a justiça, acreditando que a sua vida se situa na vida eterna. Testemunhai do invisível, da paz chegando, da esperança que é uma virtude da noite, mas que é uma virtude crítica. Alegrai-vos com os vossos filhos que são a seta que anuncia um tempo novo, imprevisível

Libertação

foi para a liberdade que o teu dia | nos rasgou os olhos, | para obstinadamente nos irmos | levantando do chão, do medo e da voragem | e querer para todos o trabalho | que não subjugue e sobreviva a vida, | o amor que não se torne uma pedra | atada ao pescoço e sem fragância morre, | a participação que multiplique as linhas, | as frestas, não pelouros

apressa o dia em que cantaremos liberdade | como se canta o fogo | e o tijolo, o mar e o som dos barcos, | o pão e a boca | que nos dá um nome | e dar-te-emos graças na alegria, | Deus das nossas viagens | e da nossa liberdade, | Deus de Jesus Cristo libertador | e do Espírito que renova tudo, | Deus do dia de hoje | e de todos os dias do teu dia

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