Tem dado que falar

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«Se Deus é alguém que nos complica a vida mais do que ela já é complicada,é fácil compreender porque tanta gente não faz caso de Deus,ou rejeita abertamente tudo o que lhe diz respeito»

«Deus e a Nossa Felicidade»

José Maria Castillo

ed. Franciscana | Braga 2004 | 222 págs. | PVP: 12,70 euros

«Em boa verdade, grande parte das pessoas, tanto crentes como não crentes, costumam relacionar Deus com a proibição de certas coisas que nos agradam e tornam felizes, e com a obrigação de fazer outras coisas aborrecidas e desagradáveis. Pior ainda, para muita gente Deus é uma censura e ameaça constante, um juiz severo e implacável; e isso só pode criar sentimentos de culpa, insegurança e medo. Contou-me um amigo que no colégio lhe tinham ensinado que Deus é um ser terrível e todo-poderoso, que não só castiga os maus, mas até os bons, se se descuidarem.

Compreende-se que um Deus assim, por mais que se apregoe que é bom, que nos ama, que é Pai, torna-se inaceitável e insuportável para muita gente. E com razão, pois todo o ser humano deseja ser feliz. O desejo de felicidade é o anseio mais profundo de qualquer pessoa, gravado no mais recôndito do seu ser. Por isso, atentar contra a felicidade de alguém constitui a agressão mais grave que se pode cometer. Ora, se Deus é uma ameaça constante, uma permanente proibição, uma carga insuportável, uma censura rigorosa do que se faz ou deixa de fazer – numa palavra, alguém que nos complica a vida mais do que ela já é complicada (e não é pouco!) – é fácil compreender porque tanta gente não faz caso de Deus, ou, pior ainda, rejeita abertamente tudo o que lhe diz respeito, põe de parte a religião e desdenha dos seus representantes neste mundo.»