Ciência da Cruz

Ciência da Cruz

Autora: Edith Stein | Edição: Carmelo | Páginas: 400

A publicação de obras maiores da tradição cristã na nossa língua representa um acontecimento que merece, sempre, ser registado. É o caso do livro Ciência da Cruz, de Edith Stein, cujo nome religioso foi Teresa Benedita da Cruz.

Edith Stein nasceu em 1891 numa família judia alemã. Discípula de grandes filósofos do início do século XX – Husserl, Heidegger -, Edith tornou-se numa das primeiras universitárias alemãs, pautando a sua vida pela busca da verdade. Converteu-se à fé cristã em 1922 após a leitura da autobiografia de Teresa de Ávila, e nos anos seguintes dedicou-se à tradução para o alemão das obras dos grandes pensadores cristãos, como Tomás de Aquino. Em 1933 torna-se monja carmelita, mas o seu sangue judeu tornar-se-ia motivo de perseguição por parte do poder nazi: em 1938 muda-se para um convento na Holanda e, em 1942, é detida pela Gestapo juntamente com a sua irmã Rosa, morrendo nesse ano em Auschwitz. Em 1999 João Paulo II declara a Edith Stein co-padroeira da Europa.

Edith escreve a Ciência da Cruz precisamente no período de guerra, entre 1940 e 1942, deixando-a incompleta. Trata-se na verdade de um curso sobre os escritos de outro carmelita e doutor da Igreja, João da Cruz, que Edith estuda a pedido das suas superioras religiosas. Daqui resulta uma das mais exigentes e estimulantes obras escritas ao longo do século XX. Edith apresenta o caminho espiritual de João da Cruz segundo a experiência da cruz e do seguimento evangélico, traduzindo deste modo a linguagem de noite escura dos sentidos.

Em causa está, sobretudo, a certeza de que o caminho espiritual não coincidirá, na sua profundidade, com as projeções e expectativas que transportamos. O que a bela tradição carmelita nos alumia – e Edith Stein testemunhou-o até ao dom da sua vida – é a fecundidade que reside num caminho de conversão, de mudança de mentalidade, de abertura aos silêncios e sentidos da presença de Deus na nossa vida.