A sugestão desta semana da Fundamentos no site IMissio é de Poesia… não para entreter ou descansar, mas para interromper as demasiadas palavras com que encharcamos a nossa experiência cristã.
Daniel Faria |
ed. Assírio&Alvim | Lisboa 2012 | 464 págs. | PVP: 22,00 euros
Da Assírio&Alvim recebi estas informações: «O presente volume reúne toda a poesia de Daniel Faria e dá a conhecer ao público, pela primeira vez, treze poemas inéditos. A edição é de Vera Vouga, professora do poeta que acompanhou os seus primeiros passos literários. Este livro integra o Plano Nacional de Leitura: Ensino Secundário — sugestões para leitura autónoma.» «Daniel Faria nasceu em Baltar, Paredes, em 1971. Frequentou o curso de Teologia na Universidade Católica Portuguesa, no Porto, obtendo a licenciatura em 1996. O gosto pela poesia e pela expressão poética levou-o a obter uma segunda licenciatura, em Estudos Portugueses, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Faleceu em 1999, com apenas 33 anos, quando estava prestes a concluir o noviciado no Mosteiro Beneditino de Singeverga. Deixou-nos, apesar do seu desaparecimento prematuro, um notável legado poético.»
A manhã move a pedra sem raiz | O seu repouso de árvore em flor. | Qualquer astro é menos que o repouso | De uma pedra em flor.»
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«Nas pálpebras | da noite | Chorei | cadências | que me ensinaram | que o Amor | Ama-se | Assim teus | Olhos»
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Zaqueu: «A árvore foi a forma de te ver | E desci para abrir a casa. | De me teres visitado e avistado | Entre os ramos | Fizeste-me passagem | Da folha ao voo do pássaro | Do sol à doçura do fruto. | Para me encontrares me deste | A pequenez.»
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«Como reporás a terra arrastada | Para a boca? | Foges e foges | E repousas à sombra da velocidade. | E ao extinguires-te dizes | Tudo | O que podia ser dito | Sobre a luz.»
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«Homens que são como lugares mal situados | Homens que são como casas saqueadas | Que são como sítios fora dos mapas | Como pedras fora do chão | Como crianças órfãs | Homens sem fuso horário | Homens agitados sem bússola onde repousem | Homens que são como fronteiras invadidas | Que são como caminhos barricados | Homens que querem passar pelos atalhos sufocados | Homens sulfatados por todos os destinos | Desempregados das suas vidas | Homens que são como a negação das estratégias | Que são como os esconderijos dos contrabandistas | Homens encarcerados abrindo-se com facas | Homens que são como danos irreparáveis | Homens que são sobreviventes vivos | Homens que são como sítios desviados | Do lugar»
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«A luz de Damasco é um grito | Para a ovelha que regressa | A luz de Damasco é um tombar de trigo, um cair | Do grão – cega tanto como os olhos | De um homem perseguido quando se volta | Para nós
A luz de Damasco golpeia. É circuncisão | Que abre, limpa, a luz de Damasco | É dura. Da dureza | Das pedras que um mártir junta com as mãos | Com que empedra o caminho para a morte. A luz | De Damasco é esse lume | Da oração de um mártir ao morrer»
http://www.snpcultura.org/impressao_digital_daniel_faria_2.html
http://www.snpcultura.org/id_uma_semana_com_daniel_faria.html
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